Transformação Cultural e Inovação no Varejo
Quando o Grupo Casas Bahia anunciou, há dois anos, um plano abrangente de transformação, o foco era claro: fortalecer sua eficiência operacional e reposicionar a companhia para um crescimento sustentável. Contudo, mais do que ajustes no portfólio de lojas e melhorias logísticas, a empresa percebeu que a verdadeira mudança estava atrelada à cultura organizacional. Uma convicção emergiu, guiando as decisões estratégicas: não se pode transformar um negócio sem antes transformar sua cultura.
No setor de varejo, onde o Grupo Casas Bahia atua, a experiência do cliente é diretamente influenciada por milhares de colaboradores. Assim, a agenda voltada para as pessoas tornou-se o eixo central dessa transformação. Segundo Andreia Nunes, diretora executiva de gente e gestão da empresa, “fazer uma gestão de mudanças implica primeiro entender qual é a cultura vigente e qual é a desejada. A partir disso, traçamos o caminho para a transformação. Para nós, era essencial resgatar essa essência de ‘varejar’ do Grupo, colocando a dedicação total ao cliente em primeiro plano.”
Inclusão e Diversidade como Diferenciais Competitivos
Com uma trajetória de mais de 70 anos, a área de gente e gestão do Grupo Casas Bahia tem promovido iniciativas que vão além das práticas tradicionais de recursos humanos. O intuito é criar um ambiente mais inclusivo e colaborativo, preparando líderes para conduzir mudanças e alinhando as equipes à estratégia de longo prazo. Essa abordagem é vista como um diferencial competitivo em um setor que historicamente enfrenta alta rotatividade e pressão por resultados rápidos.
Atualmente, o Grupo Casas Bahia conta com mais de 31 mil colaboradores. Para muitos deles, a empresa representa o primeiro emprego, servindo como uma porta de entrada para a ascensão social. Essa realidade molda a percepção interna de que a diversidade não é apenas um valor institucional, mas sim uma necessidade natural do negócio. Os dados da companhia corroboram essa visão: 47% de seus colaboradores se identificam como negros e 43,5% são mulheres.
Avanços na Liderança e Metas de Inclusão
Mudanças significativas também se refletem nas estruturas de liderança. Nunes ressalta que, entre os cargos de gerência e superiores, as mulheres ocupam 33% das posições, enquanto 37% dos líderes são pessoas negras — um aumento de três pontos percentuais em apenas um ano. Esses números fazem parte de um compromisso público e mensurável do grupo, que visa alcançar 34% de mulheres em cargos de liderança até 2025. Para isso, a empresa vinculou essas metas à remuneração variável dos executivos, mostrando que diversidade e inclusão são responsabilidades diretas da alta gestão.
Histórias como a de Edinelson Santos, diretor de clientes, exemplificam as trajetórias de sucesso dentro da companhia. Santos começou sua carreira há 26 anos como vendedor em Araçatuba, São Paulo. Desde então, investiu em sua formação, passando por diversos cargos até chegar à área corporativa. Ele destaca que sua ascensão profissional não encontrou barreiras preconceituosas, mas sim a necessidade constante de busca por conhecimento e evolução.
Programas Estruturados para o Desenvolvimento de Talentos
O Grupo Casas Bahia tem implementado programas estruturados focados no desenvolvimento profissional, visando acelerar carreiras e criar uma cultura de multiplicação interna. Um exemplo notável é a mentoria Dona de Si, que busca desenvolver mulheres em posições de gestão. O programa promove formações semanais sobre gestão de pessoas, negociação, autoestima e construção de carreira, com uma adesão de 87% entre as participantes no primeiro ciclo.
Kelly França, que participou do programa e hoje atua como gerente de gente e gestão, afirma que a mentoria ajudou a identificar que a sensibilidade feminina pode ser uma habilidade valiosa no ambiente de trabalho. “Acredito que a fragilidade feminina, entendida como sensibilidade, pode ser um diferencial profissional”, comenta.
Compromisso com a Inclusão Produtiva
Além de focar internamente, o Grupo Casas Bahia tem ampliado suas parcerias com ONGs e instituições para promover a inclusão produtiva, capacitando jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social. Essas iniciativas refletem a tradição da empresa, que sempre esteve associada à democratização do consumo e ao atendimento das classes populares.
Ao investir em capacitação profissional, o grupo fortalece o ecossistema ao seu redor, aumentando o acesso ao mercado de trabalho e contribuindo para a formação de uma base de talentos mais qualificada. A estratégia de inclusão produtiva também se alinha com os desafios estruturais do varejo, como a escassez de mão de obra qualificada e a importância de formar profissionais que compartilhem a cultura e os valores da organização.
Uma Nova Era de Transformação no Varejo
Estruturar a agenda de pessoas como uma diretriz de negócio envia uma mensagem clara ao mercado: a transformação do Grupo Casas Bahia vai além de ajustes financeiros. Trata-se de uma revisão profunda de como a companhia se organiza, desenvolve talentos e se conecta com a sociedade. Para investidores e executivos, essa mudança reforça que a competitividade no varejo moderno é cada vez mais relacionada à capacidade de atrair, desenvolver e reter pessoas em um ambiente diverso, inclusivo e alinhado à estratégia da empresa.
