Medicina Intervencionista e Cuidados Intensivos
Desde 24 de dezembro, o ex-presidente Jair Bolsonaro está internado em um hospital particular no Distrito Federal, onde passou por um procedimento conhecido como “bloqueio do nervo frênico”. Os médicos que o assistem compartilharam detalhes sobre a intervenção realizada neste sábado (27), que foi considerada necessária após uma crise intensa de soluços, que, segundo informações, afetou seu sono e bem-estar.
De acordo com o cardiologista Brasil Caiado, a equipe médica inicialmente planejava tratar a condição de Bolsonaro com medicamentos. Mas a resposta ao tratamento não foi a esperada. “Na sexta-feira, ele apresentou uma crise de soluços bastante intensa, que o deixou muito desconfortável para dormir, e ao acordar estava visivelmente abatido”, contou o especialista.
O bloqueio do nervo frênico é um procedimento que tem como objetivo reduzir temporariamente a atividade do nervo responsável pelo controle do diafragma, ajudando a interromper soluços persistentes. Geralmente, a técnica é realizada sob anestesia local, com a aplicação de um medicamento junto ao nervo, e é indicada apenas quando os tratamentos convencionais falham e o paciente apresenta um quadro clínico relevante.
Após a avaliação da situação clínica de Bolsonaro, a equipe médica decidiu proceder com o bloqueio. “Estávamos programados para realizar a intervenção até segunda-feira (29), então decidimos reunir a equipe e realizar o procedimento. Deixamos a intervenção para o lado direito hoje e planejamos realizar a do lado esquerdo na próxima segunda-feira”, explicou Caiado.
No organismo humano, existem dois nervos que controlam o diafragma, um à direita e outro à esquerda. A decisão de não realizar o bloqueio dos dois nervos ao mesmo tempo se deve a questões de segurança. Os médicos julgaram mais prudente tratar um lado por vez, monitorando a resposta do paciente a cada intervenção.
“Nos dias anteriores, havíamos aumentado consideravelmente a medicação disponível para tratar a condição de Bolsonaro. Utilizamos todas as opções descritas na literatura médica e tentamos todas as alternativas menos invasivas. No entanto, a condição debilitante, que o impedia de dormir, nos levou a optar pelo bloqueio”, complementou Caiado.
O radiologista e especialista em procedimentos intervencionistas, Mateus Saldanha, declarou que o bloqueio realizado foi bem-sucedido. “O procedimento foi tranquilo, conseguimos identificar a localização correta para o bloqueio. Se tivéssemos realizado os bloqueios nos dois lados, poderíamos ter riscos de dessaturação. Assim, iniciamos com um lado e, posteriormente, faremos o outro”, detalhou.
A cirurgia durou cerca de uma hora e, segundo a equipe médica, a previsão de internação é de cinco a sete dias. Após a realização do procedimento na próxima segunda-feira, Bolsonaro deve permanecer em observação por pelo menos 48 horas, antes de receber alta, caso sua recuperação ocorra sem complicações.
Atualmente, o ex-presidente está em seu quarto, consciente, orientado e liberado para se alimentar. No entanto, os médicos não descartam outras opções para controlar os soluços, caso o bloqueio não apresente resultados satisfatórios. “Existem ainda alternativas como clipar o nervo ou até aplicar botox no nervo. Essas opções, no entanto, são consideradas ‘off label’, ou seja, fora das indicações tradicionais”, revelou o cirurgião Birolini, enfatizando a abordagem cautelosa em relação ao tratamento.
A ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, também se manifestou sobre a situação através das redes sociais, confirmando que o marido passou pelo bloqueio do nervo frênico. Ela ressaltou que essa condição de soluços é uma das principais queixas de saúde do ex-presidente e destacou que o procedimento foi concluído pouco antes das 16h. Após a cirurgia, a equipe médica agendou uma coletiva de imprensa para atualizar a imprensa sobre o estado de saúde de Bolsonaro.
Vale lembrar que, nesta quinta-feira (25), o ex-presidente já havia sido submetido a uma cirurgia para o tratamento de uma hérnia inguinal bilateral, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O procedimento durou aproximadamente 3h30 e é atualmente uma das preocupações em relação à saúde de Bolsonaro.
A hérnia inguinal bilateral ocorre quando os tecidos abdominais se projetam através de um ponto fraco na parede da musculatura abdominal, formando um abaulamento. A cirurgia é necessária quando esse quadro se torna incômodo para o paciente.
A última perícia médica realizada pelo Instituto Nacional de Criminalística avaliou a necessidade do bloqueio do nervo frênico como uma medida adequada, recomendando que fosse feito o quanto antes. O ex-presidente Jair Bolsonaro, que se encontra sob custódia desde a última semana, continua a ser monitorado de perto por sua equipe médica.
