A Ascensão de ACM Neto e Seus Desafios no Cenário Político da Bahia
Na última semana, dois acontecimentos significativos marcaram o cenário político para as eleições de 2026, especialmente para a oposição na Bahia. ACM Neto, ex-prefeito de Salvador, oficializou sua candidatura ao governo estadual, um passo que representa muito mais do que uma simples intenção eleitoral. Além disso, ele confirmou a perspectiva antilulista que permeia o seu grupo, uma estratégia que surge em um contexto em que os laços com o bolsonarismo são visíveis, especialmente em Porto Seguro, local onde ele fez os anúncios ao lado de figuras influentes do PL.
Nos últimos meses, a base de apoio do atual governador, Jerônimo Rodrigues, tem tentado criar a narrativa de que ACM Neto não se lançaria como candidato em 2026. Esse discurso encontrou eco entre os aliados do ex-prefeito, que, por sua vez, desejavam uma antecipação no lançamento de sua pré-candidatura. Essa pressa, de certa forma, visa evitar uma orfandade política e marcar território antes da corrida eleitoral. À medida que 2026 se aproxima, era necessário dissipar quaisquer incertezas que pudessem pairar sobre sua candidatura, especialmente para evitar uma fuga de apoiadores que poderiam se sentir desmotivados.
Agora, já na condição de candidato, Neto deixou claro seu posicionamento antilulista. Com o cenário da direita fragmentado para a próxima disputa presidencial, definir-se contra a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva tornou-se crucial para consolidar o apoio que ele precisa. Entretanto, essa estratégia não é isenta de riscos. A Bahia é uma das regiões onde o PT se sente mais confortável nas urnas, e adotar uma postura antipetista pode ser arriscado para quem almeja um cargo majoritário.
Embora em 2022 Lula não tenha se inserido na campanha baiana da forma como muitos esperavam, um acordo não oficial pareceu manter ACM Neto em uma posição neutra. Contudo, essa situação pode ser bem diferente em 2026, dado o uso da máquina federal e estadual em favor da aliança petista, além da possível estratégia de ampliar a margem de votos para conter o avanço da direita, que tem suas forças concentradas nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. Assim, a urgência em posicionar-se contra Lula é vista como uma tática de sobrevivência política para ACM Neto.
No contexto atual, o PL está considerando uma candidatura de Flávio Bolsonaro ao Palácio do Planalto, com o apoio explícito de Jair Bolsonaro. Há quem defenda que Tarcísio de Freitas poderia assumir esse papel e, com a anuência da elite financeira de São Paulo, desafiar a reeleição de Lula. Nesse cenário instável, ACM Neto precisa encontrar uma forma de navegar as águas adversas que se apresentam para os opositores de Jerônimo Rodrigues. O apoio do PL, além do tempo na mídia e acesso a recursos financeiros, pode transformar um cenário de derrota iminente em uma oportunidade real de vitória para a oposição baiana.
A candidatura e o posicionamento antilulista são, portanto, cruciais para garantir que ACM Neto continue a ser uma figura relevante no xadrez político da Bahia. Ele não apenas reconhece essa necessidade, mas também tem traçado um plano para aumentar suas chances de sucesso na disputa. No entanto, é importante ressaltar que as urnas não são regidas apenas por estratégias bem elaboradas e narrativas convincentes; o que realmente conta são os votos. Assim, o período até outubro promete ser repleto de surpresas e mudanças.
