Uma Nova Estratégia para o Desenvolvimento de Talentos
Nos últimos anos, diversas redes de clubes têm surgido com o objetivo de replicar modelos de sucesso como os do City Football Group e da Red Bull. O que se observa é uma estrutura em forma de pirâmide, onde um clube principal, como o Manchester City ou o RB Leipzig, lidera um grupo de equipes menores que visam descobrir e desenvolver talentos em diferentes partes do mundo. Essa configuração facilita a formação de atletas e a lucratividade com transferências. No Brasil, uma iniciativa que merece ser acompanhada de perto é a da Squadra Sports, liderada pelo ex-presidente do Bahia, Guilherme Bellintani.
A proposta da Squadra não se limita a simplesmente comprar e vender jogadores; a ideia é também gerar receita através da venda dos direitos de atletas. No entanto, a abordagem de Bellintani se distingue por optar por não investir consideravelmente nas categorias de base, uma decisão que pode parecer polêmica em um cenário onde a formação de atletas é cada vez mais valorizada.
A lógica por trás dessa estratégia é intrigante. A Squadra busca identificar atletas jovens, geralmente na faixa dos 20 anos, que estão em grandes clubes, mas que não estão recebendo oportunidades suficientes para jogar. Times como Fluminense, Atlético-MG e Grêmio têm jogadores com potencial, mas que ainda não conseguiram se firmar como titulares.
Estrutura da Rede de Clubes
Atualmente, a rede de Bellintani conta com o Londrina, do Paraná, como a principal força, seguida pelo Linense, de São Paulo, e três clubes formadores no Nordeste: VF4, na Paraíba, e Conquista e Ypiranga, na Bahia. Essa estrutura permite uma busca mais direcionada por jogadores com talento, mas que precisam de mais tempo em campo para se desenvolver.
Por exemplo, um zagueiro de 20 anos que não recebe minutos no Vasco poderia ser transferido para o Londrina, onde teria a chance de atuar na Série B, potencialmente aumentando seu valor no mercado. É claro que ele não será avaliado em 30 milhões de euros, mas, ao menos, poderia valer cerca de 3 milhões de euros. Para muitos, isso já é um retorno interessante.
Planos Futuros e Sustentabilidade
O próximo passo para Bellintani é expandir suas operações, com a intenção de adquirir um clube na segunda divisão de Portugal ou na Bélgica. Essa estratégia visa facilitar a integração de seus jogadores em competições europeias, proporcionando mais minutos em campo e, consequentemente, aumentando o potencial de retorno financeiro.
Embora ainda não se saiba se o modelo será bem-sucedido, a proposta é intrigante ao se afastar das práticas convencionais do mercado futebolístico. A lógica está presente, mas a sustentabilidade financeira dos clubes e a eficácia na identificação de talentos serão cruciais para o sucesso da Squadra Sports.
Essa nova abordagem pode representar uma maneira inovadora de lucrar no futebol, mesmo sem o suporte de grandes investidores como o City ou os Emirados Árabes. Assim, a história da Squadra Sports pode se transformar em um case de sucesso ou, quem sabe, em um experimento que mudará a cara do desenvolvimento de talentos no Brasil.
