Expansão Significativa do Sorgo
A cultura do sorgo granífero no Brasil tem mostrado um crescimento expressivo, refletindo tanto mudanças agronômicas quanto uma crescente demanda industrial. Esse fenômeno está diretamente relacionado à otimização na rotação de culturas e às oportunidades que surgem no mercado de bioetanol. Para discutir essas questões e oferecer informações técnicas sobre o setor, a Embrapa e a Inpasa Brasil realizaram dois eventos direcionados a produtores e profissionais do agronegócio nas regiões do Oeste da Bahia e de Balsas, no Maranhão.
O primeiro evento, o “Simpósio do Sorgo”, ocorreu no dia 2 de dezembro em Luís Eduardo Magalhães, no Clube Rio das Pedras, e contou com a participação de especialistas e profissionais do agronegócio. Já no dia 4 de dezembro, o “Seminário da Cultura do Sorgo: a escolha certa para sua safrinha” foi realizado em parceria com o Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas (Sindibalsas), na sede do sindicato.
Essas iniciativas integram um acordo de cooperação técnica entre a Embrapa e a Inpasa, que visa a desenvolvimento sustentável da produção de sorgo nas regiões mencionadas, focando na produção de etanol e co-produtos. O projeto é coordenado pelo engenheiro agrônomo Frederico Botelho, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de sorgo no Brasil teve um aumento de mais de 400% na última década, conforme dados apresentados por Botelho. “O sorgo está ganhando espaço devido às suas características complementares em relação às culturas agrícolas tradicionais, especialmente pela sua resiliência diante das mudanças climáticas e pela necessidade de diversificação da matriz energética”, explicou Botelho durante o simpósio.
A demanda crescente por etanol de grãos tem elevado o sorgo à categoria de matéria-prima estratégica, impulsionando usinas localizadas em estados como Mato Grosso do Sul, Goiás e Maranhão a investir no cultivo e compra do grão.
Oportunidades e Desafios do Mercado
Durante sua apresentação no simpósio, o gerente comercial da Inpasa, Irineu Piaia Junior, abordou o mercado de etanol e destacou a importância do sorgo como uma cultura da segunda safra. “A atuação da Inpasa, junto com outros consumidores de sorgo, proporciona informações técnicas que auxiliam os agricultores a tomar decisões sobre o cultivo”, afirmou Piaia.
O sócio proprietário da empresa Círculo Verde, Celito Breda, também relatou o potencial do sorgo. “A demanda por grãos de sorgo e por práticas que aumentem a formação de palhada é crescente. Estamos alcançando uma média de 85 sacas por hectare na segunda safra”, revelou Breda, prevendo que, em cinco anos, as propriedades podem produzir até 140 sacas por hectare.
O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Balsas, Airto Zamignan, enfatizou a importância da tecnologia para o desenvolvimento do agronegócio na região Centro-Oeste do Brasil, que cresceu significativamente nos últimos 45 anos.
Implicações para a Agricultura na Região
A região Oeste da Bahia compreende 31 municípios e abrange 14,5 milhões de hectares, dos quais 2,9 milhões são agrícolas produtivos. Para a safra 2025/26, a produção de sorgo é projetada em 200 mil hectares, segundo dados da Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba).
A palestra magna do simpósio foi conduzida por Luiz Antônio Pradella, diretor da Cooperativa de Produtores Rurais (Cooperfarms). Ele destacou os benefícios agronômicos do sorgo, especialmente na diversificação do sistema de produção, e mencionou as novas oportunidades para biocombustíveis.
O engenheiro agrônomo Emerson Cappelesso, da Círculo Verde, também abordou o potencial do sorgo na produção de rentabilidade adicional para os agricultores, ressaltando a importância do planejamento e do manejo adequado.
O Que Esperar do Futuro
Com a previsão de expansão da área plantada em 25% para a safra 2025/26, a cultura do sorgo promete se consolidar ainda mais no cenário agrícola brasileiro. O secretário de agricultura de Luís Eduardo Magalhães, Jaime Aroldo Cappelesso, acredita que, em breve, o sorgo poderá se tornar a segunda maior cultura em área plantada no Brasil. Com a diversificação e o aprimoramento técnico, a expectativa é elevar a produção e atender a demanda crescente do mercado de biocombustíveis.
