Desdobramentos da Megaoperação no Rio de Janeiro
A recente megaoperação contra o crime organizado no Rio de Janeiro resultou na morte de 64 pessoas, tornando-se a mais letal da história do estado. O governador Cláudio Castro reconhece a gravidade da situação, afirmando que o problema não pode mais ser resolvido apenas pelas forças policiais. Em meio a essa crise, o avanço das facções criminosas tem se espalhado para outros estados, incluindo a Bahia, levantando preocupações sobre a possibilidade de uma repetição do cenário caótico carioca.
Historicamente visto como um exemplo negativo em segurança pública, o Rio de Janeiro é superado apenas pela Bahia em índices de violência. De acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, a polícia da Bahia ultrapassou o Rio em letalidade policial, contabilizando 1.464 mortes durante operações, 134 a mais que o estado vizinho. Em 2023, a Bahia registrou 1.556 mortes em intervenções policiais, enquanto o Rio teve 703, refletindo uma tendência alarmante de aumento da violência.
Bahia em Alerta: Homicídios e Ações Policiais
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Em termos de homicídios, a Bahia se destacou como o estado com o maior número absoluto de mortes violentas no Brasil em 2023, com 6.616 homicídios intencionais, representando um aumento de 55,1% em relação ao Rio de Janeiro, segundo o Atlas da Violência 2025. A escalada da violência na Bahia gera preocupação sobre a possibilidade de se reproduzir o cenário de guerra encontrado no Rio.
Ricardo Moura, doutor em Sociologia e membro da Rede e do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC), considera que a replicação do caos do Rio na Bahia não é uma mera especulação. Ele ressalta as particularidades que diferenciam as organizações criminosas em ambos os estados, o que pode influenciar o desenvolvimento da criminalidade na Bahia. “O crime organizado no Rio opera há décadas e possui características geográficas que moldam suas estratégias. Essa conexão entre o crime no Nordeste e as facções do Rio e de São Paulo, no entanto, tem alimentado o aumento da criminalidade nas capitais nordestinas”, avaliou.
Na recente operação, a Polícia Militar do Rio de Janeiro prendeu três indivíduos baianos associados ao Comando Vermelho, uma facção criminosa. Dois deles foram mortos em confronto, enquanto um terceiro foi baleado. Dentre os apreendidos, um fuzil 5.56 e motocicletas com bandeira baiana foram confiscados. Um dos falecidos, Júlio Souza Silva, natural de Salvador, já havia sido preso por tráfico de drogas e estaria supostamente atuando de novo após deixar o sistema prisional.
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Integrando Forças para Enfrentar o Crime Organizado
Ricardo Moura enfatiza que a mudança na atual situação da violência ligada ao crime organizado exige uma ação integrada das forças de segurança. Ele defende que é essencial a presença do Governo Federal para estabelecer um arcabouço institucional que permita a colaboração entre estados, garantindo que a situação não se torne uma repetição do que ocorre no Rio.
“O que presenciamos atualmente são estados operando de forma desarticulada na segurança, o que resulta na replicação da violência em outras regiões. A resposta mais agressiva da polícia só aumenta a letalidade, causando um cenário desastroso”, destacou Moura.
Além do apoio governamental, o especialista sugere que a cooperação entre polícias é fundamental, desde a concepção até a execução das operações. A Polícia Federal também deve atuar para restringir financeiramente as organizações criminosas.
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) emitiu uma nota expressando solidariedade às famílias dos policiais mortos na operação do Rio de Janeiro e reafirmou que as ações de inteligência e repressão contra facções continuarão a ser intensificadas em todo o estado. A secretaria reconheceu a importância da integração entre estados para desarticular o crime organizado.
