Desenvolvimento Logístico e Integração Intermodal
O Governo Federal promoveu na última terça-feira (28) em Salvador, Bahia, um importante encontro que faz parte do Plano Nacional de Logística (PNL) 2050. O evento visa discutir o futuro da infraestrutura logística no país, com um enfoque especial nas estratégias que podem impulsionar o desenvolvimento do setor e melhorar a competitividade da região baiana. A iniciativa está programada para passar por mais três capitais até dezembro deste ano.
A subsecretária de Fomento e Planejamento do Ministério dos Transportes, Gabriela Avelino, destacou que o PNL 2050 tem como objetivo construir um diagnóstico realista e intermodal da infraestrutura brasileira. “É essencial que olhemos também para o mercado interno, além da exportação de commodities. Precisamos considerar as demandas de abastecimento nacional. A partir desse diagnóstico, teremos caminhos definidos para os próximos 25 anos, com soluções que devem ser pensadas de forma intermodal”, declarou.
Com um Produto Interno Bruto (PIB) estimado em R$ 483 bilhões, a Bahia se destaca como a maior economia do Nordeste e a sétima do Brasil, segundo dados do IBGE. O estado é conhecido pela sua diversificação produtiva, que inclui a indústria petroquímica no Polo de Camaçari, bem como a agropecuária e a fruticultura tropical. O extenso litoral baiano também torna o estado um ponto de referência no setor turístico e vem ampliando sua atuação na geração de energia renovável, especialmente por meio de painéis solares.
“A principal inovação do PNL consiste em buscar soluções criativas e sustentáveis, rompendo com modelos antigos e promovendo a transformação da matriz de transportes até 2050”, acrescentou Gabriela Avelino.
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Conexão Logística e Ferroviária
Atualmente, a Bahia possui duas importantes estruturas no modal ferroviário: a Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA). A Fiol, que está em fase de implantação, irá conectar Figueirópolis (TO), onde se encontra com a Ferrovia Norte-Sul, ao Porto Sul, em Ilhéus, atravessando regiões produtivas de minério, grãos e celulose. Por outro lado, a FCA é a principal malha ferroviária em operação na Bahia, ligando a região central do estado a diversas outras partes do Brasil, transportando combustíveis, cimento, produtos químicos e minerais.
Há também planos em andamento para o desenvolvimento de um novo trecho ferroviário ligando Salvador a Feira de Santana, o que pode ampliar ainda mais a integração logística do estado, solidificando a Bahia como um dos principais eixos de transporte e desenvolvimento do Nordeste.
De acordo com Jorge Bastos, presidente da Infra S.A., muitos entraves que afetavam a Fiol foram superados. “A Fiol estava estagnada há quatro anos, mas conseguimos resolver grande parte das dificuldades e atualmente estamos com licitações em andamento em quase todos os trechos da Fiol 2, com o objetivo de finalizá-la rapidamente. A prioridade é total para essa solução, incluindo a licitação integrada da Fico-Fiol”, afirmou. Ele também mencionou a retomada do projeto da Transnordestina, que se destaca como a maior ferrovia em execução atualmente no Brasil.
Polo Industrial e Estrutura Rodoviária da Bahia
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As rodovias federais BR-324 e BR-116 são fundamentais para o escoamento da produção baiana em direção aos portos de Salvador e Aratu-Candeias. A Via Expressa Baía de Todos os Santos desempenha uma função crucial, conectando diretamente a BR-324 ao Porto de Salvador, facilitando assim o transporte de cargas entre o polo industrial e a capital.
No Polo Industrial de Camaçari, localizado a poucos quilômetros de Salvador, está o maior complexo petroquímico planejado do Brasil, com mais de 90 empresas operando em setores como químico, petroquímico, têxtil e energético, contribuindo significativamente para a economia local e regional.
“Apesar de a Bahia já ter uma malha rodoviária robusta, é vital que essa infraestrutura seja integrada às ferrovias para garantir um escoamento eficaz da produção. A intermodalidade é essencial para que a Bahia se estabeleça como um hub logístico não apenas para o Nordeste, mas para o Brasil como um todo”, comentou Pedro Paulo Magalhães, diretor de Operações da Bahia Invest.
Logística Portuária e Planejamento Futuro
Os portos da Bahia têm uma localização estratégica que se mostra essencial para o escoamento da produção local e de outras regiões. Na Baía de Todos-os-Santos, os terminais de Salvador e Aratu-Candeias movimentam uma porção significativa das cargas provenientes do Polo Industrial de Camaçari, oferecendo infraestrutura que minimiza custos e melhora a eficiência logística.
O Porto de Ilhéus, no sul do estado, é outro destaque, especialmente no transporte de grãos e em sua função como porto de cruzeiros e turismo, recebendo visitantes de diversas partes do mundo.
Os portos públicos de Salvador, Aratu-Candeias e Ilhéus formam um dos maiores complexos portuários do Brasil, integrando-se a sete terminais de uso privado, todos vinculados ao Sistema Portuário da Baía de Todos-os-Santos.
O PNL 2050 está em fase de diagnósticos e é desenvolvido em colaboração entre o governo, o setor produtivo e representantes da sociedade civil. A meta é compreender os desafios logísticos no Brasil, reduzir desigualdades regionais e criar uma matriz de transportes mais eficiente e sustentável. Os debates já ocorreram em Brasília, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre, Cuiabá e Fortaleza, e até o final de 2025, mais três capitais receberão os encontros “Logística no Brasil”. A participação da sociedade é fundamental para que o planejamento aborde as necessidades regionais.
A iniciativa se insere no Planejamento Integrado de Transportes (PIT), instituído pelo Decreto nº 12.022/2024, que visa organizar os esforços estratégicos e operacionais para o setor, garantindo decisões coordenadas e eficientes. “Estamos mudando a perspectiva tradicional de uma lista de projetos. Nosso foco agora é compreender as necessidades dos embarcadores e produtores. A partir dessa escuta, poderemos desenvolver soluções que envolvam, entre outros, a expansão de ferrovias e hidrovias, modais que historicamente foram negligenciados”, concluiu Gabriela Avelino.
